Wednesday, June 01, 2005

Ônibus 174 e Como fazer um filme de amor

Depois de assistir a esses dois filmes, só tive certeza de algo que eu já teorizava. Os filmes nacionais atuais estão divididos em duas categorias: os que parecem uma novela e os que querem fugir do padrão, mas acabam caindo na mesmice e na superficialidade. Nesse último, nem atores globais são capazes de melhorar a qualidade do produto. Também cheguei à seguinte conclusão: Se a desgraça faz parte da realidade do Brasil, pra que montar um cenário pra ficção? Vamos aproveitar dessa nossa situação pra fazer bons documentários.
Eu era fã dos curtas de José Roberto Torero (diretor de Como fazer um filme de amor), até ria dos quadros que ele escrevia e escreve para o Fanástico, mas o filme é um fiasco. A começar pelo Paulo José como narrador. O que é aquilo? Parece narrador daquelas reportagens chatas de história que a TV cultura transmite. E a casa da personagem principal? Isso não é filme francês! Me senti como se estivesse assistindo Amelie Poulain. Não sei como o André Abujanrra, um cara tão versátil, tão inteligente se deu ao trabalho de participar do filme. Por incrível que pareça, eu tenho um elogio ao longa: a idéia de mostrar um esqueleto de um roteiro é inteligente e veio antes daquele programa especial do Sexo Frágil. Tudo bem que, mesmo com a idéia copiada, Sexo Frágil (por incrível que pareça também) foi bem mais engraçado.
Já o filme Ônibus 174 de José Padilha me surpreendeu. É um longa que foge do conceito de Documentário porque mostra diversas fontes e vários lados da história. O mais legal é que as imagens do dia do seqüestro do ônibus e os depoimentos das vítimas gravados para o “documentário” estão sincronizados, mostrando ao espectador o que exatamente se passava naquele momento. Também é interessante porque várias questões são levantadas, inclusive o papel da mídia na cobertura do fato.
É um filme sem mocinho e bandido. Um soco no estômago, como diria o outro.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Olá Ariane, já ia desconectar, mas só fiquei mais um pouquinho para poder comentar em seu blog.
Eu também assisti ao Ônibus 174, é muito bom nesmo, uma crítica a imprensa. O filme mergulha em um dos problemas que mais nos assustam, a violência. Ninguém é bandido, ninguém é mocinho, afinal, somos alguém nessa sociedade?
Beijos. Adorei sua idéia, sempre vou passar aqui e comentar. Você já tem uma leitora assídua.

5:59 PM  
Anonymous Anonymous said...

Até que enfim a Ariane decidiu compartilhar seu talento com o mundo. Esse blog é o nascimento de uma grande crítica de cinema. Se ela deixar a barba crescer, todo mundo vai confundir essa menina com o Rubens Edwald Filho!!!

7:31 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Ariane, esqueci de comentar uma coisa sobre o Ônibus 174, o legal desse filme é que o diretor optou por não utilizar legendas, ou seja, os personagens são apresentados sem nenhuma identificação. A própria narrativa nos faz entender quem é quem. Vale a pena assistir.
Beijos.

7:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

Trata-se de uma aula sobre como fazer jornalismo de boa qualidade -narrativa não-linear, personagens complexos e bem construídos, descrições, cenários, contextos, antecedentes, repercussões, conflitos, clímax e resolução final, sem a necessidade ou premência de idealizar heróis ou vilões. O que se manifesta é a ética postura de tentar compreender, em profundidade, a complexidade dos fatos contemporâneos e das mazelas sociais vividas pelo Brasil, evitando os julgamentos, condenações ou absolvições prévias. Vale a pena!

6:08 AM  

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