Thursday, October 27, 2005

Manderlay

Desde que no século XIX os Europeus redescobriram a África e a ocuparam de maneira violenta, construiu-se a imagem de que, na realidade, o bárbaro era o povo africano. Hoje, além do problema social do qual a África carregou durante séculos, existe o econômico, já que o continente é excluído por não fazer parte do jogo capitalista comandado pelos norte-americanos. Por isso, a escravidão, conseqüência dessa exclusão, é o tema tratado em Manderlay, novo filme de Lars Von Trier exibido na 29º Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

O longa é a continuação de Dogville e mostra Grace (interpretada não mais por Nicole Kidman, e sim por Bryce Dallas Howard) rumo a Manderlay, cidade que, em 1933, ainda vive sob regime de escravidão.

Mesmo que o cenário feito com marcações no chão e que os personagens que surpreende no final não inovem o estilo criado por Von Trier em Dogville, o filme traz diferenciais. Além de conter uma crítica mais profunda e mais explícita aos EUA (denuncia que há uma dívida moral da parte dos norte-americanos para com os africanos e aponta o problema do desmatamento desenfreado e suas conseqüências), possui diálogos irônicos capazes de tirar gargalhadas dos espectadores.

No final do longa, quando entram os créditos, percebe-se a referência as obras cinematográficas de Michael Moore. Fotos impactantes de negros sincronizadas com música de letra forte provam a admiração de Lars Von Trier pelo documentarista.

Tuesday, October 11, 2005

Vôo Noturno

Você gostou dos filmes A Hora do Pesadelo e Pânico 1, 2 e 3? Então é melhor não ir ao cinema assistir ao Vôo Noturno, novo filme do diretor destes longas. Primeiro, porque Wes Craven é expert em filmes de terror e não em suspenses psicológicos (ele já tinha demonstrado falta de habilidade no gênero quando trabalhou como produtor em Não Olhe Para Baixo). Depois, porque o trailer, exibido dias antes da estréia, possui as melhores e mais assustadas cenas do filme. Há pouca tensão em Vôo Noturno e, na maioria das vezes, a “mocinha” acaba se saindo melhor que o “bandido”. Se há algo que faz a diferença no filme, é o ator Cillian Murphy (que atuou como o espantalho em Batman Begins), já que seu rosto sereno por si só dá medo.

Além do mais, nada justifica o gasto de 25 milhões para fazer Vôo Noturno. De uma hora e vinte e cinco minutos de longa, pelo menos uma hora se passa em um avião e conta com apenas dois protagonistas e meia dúzia de coadjuvantes.

Se você procura um filme de fazer roer as unhas, assista Celular- Um Grito de Socorro. Pelo menos o personagem principal tem muito mais obstáculos antes de atingir o objetivo clichê – salvar a vida de alguém.

Monday, October 03, 2005

A Feiticeira


Se você é fã do seriado A Feiticeira, não vá assistir ao filme com o mesmo nome, que está em cartaz nos principais cinemas brasileiros. Tudo isso porque o longa que foi dirigido e escrito por Nora Ephron tem vários defeitos.
A começar pelos atores principais que fracassam em suas atuações. Nicole Kidman, atriz que demonstrou muito talento em filmes de diversos gêneros como Dogville, As Horas e Os Outros, não combina no papel de "bobinha apaixonada" e Will Ferrell não consegue ser engraçado nem nos momentos em que deveria ser (Infelizmente, tomou o lugar que era para ser do astro da comédia Jim Carrey). Além do mais, o casal não tem química. A mais engraçadinha e que merecia um maior destaque é a vizinha de Isabel Bigelow (interpretada por Kristin Chenoweth).
Outro problema está no roteiro. Além de ser apenas inspirado no seriado, não passa de uma comédia romântica "água com açúcar".
Para quem não sabe, o longa conta a história de Isabel Bigelow (Nicole Kidman), uma feiticeira que deseja se tornar uma pessoa comum e se apaixonar. Para provar para seu pai que isso é possível, ela aceita o convite do ator fracassado Jack Wyatt (Will Ferrell) que, com o objetivo de se sobressair, procura uma desconhecida para viver Samantha em uma refilmagem do seriado A Feiticeira.